O Pioneiro Jô Soares

Rafael Dupim
2 min readSep 13, 2021

a primeira e maior estrela da TV Brasileira a estorricar sua credibilidade na onda lavajatista e antipestista

Um dos pioneiros da TV brasileira até seus últimos atos há de se reconhecer que foi o Jô Soares.

Jô foi a primeira e maior estrela da TV Brasileira a estorricar sua credibilidade na onda lavajatista e antipestista. Pra ser demitido da Globo logo em seguida e inaugurar o atual cemitério dos mortos vivos do show business e da vida cultural

Se tivesse apreço pela honestidade intelectual, Jô poderia ter evitado triste fim. Seria demitido da mesma forma. Talvez um ou dois anos antes. Mas manteria intacto o capital social que acumulou em décadas de convívio com a luta pela democracia.

Mas não.

Me lembro dele encenando uma bancadinha diária que recebia âncoras da globonews pra detonar a Dilma e glorificar o Moro na TV aberta.

Resultado.

Quinteto desempregado. Jô no ostracismo.

De autor de um humor para todas idades, na época em que se aventurou na ficção editorial , Jô é hoje conhecido pela geração Netflix tanto quanto a Priscilla, seu sósia na TV Colosso, tal foi a bariátrica artística a que se submeteu.

Mas sua capacidade de antecipar os destinos da TV não parou aí.

Jô, que provavelmente desejou um almofadinha do capital internacional ocupando o espaço da soberania nacional, teve que engolir a realidade de que foi a turma do Frota que preencheu o buraco que ele ajudou a cavar.

Frota, um ególotra sem critério, que sintetiza a junção entre milícia e Miami e que, talvez pelos excessos dos anos oitenta, desenvolveu uma paranóica mania de perseguição na qual Jô Soares o havia tirado do estrelato por ciúmes da namorada em comum Claudia Raia.

Frota, como boa encarnação do perseguido que voltaria a qualquer custo , encarou reality shows, filmes pornôs, liderança de torcida organizada, protagonismos de misogênia e finalmente , com empurrãozinho de Jô, por ironia da vida, ocupa posição de destaque e sintetiza a contribuição da vida cultural paulistana e barrense para o Brasil de hoje:

Do Talk para o Trash Talk Sho

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Rafael Dupim

Professor de Jornalismo, Arte, Comunicação, Cultura e Mundo Contemporâneo/FACHA